22.4.07
Sexo Tântrico
"tan" - escuridão
"tra" - libertação
Tantra é uma filosofia hindu de natureza comportamental tendo por principais características a sua natureza matriarcal, sensorial, naturalista e desrepressora.
Baseado quase inteiramente no culto de Shiva e Shakti, o tantra visualiza o Brahman definitivo como Param Shiva, manifesto através da união de Shiva (a força passiva, masculina, de Shiva) e Shakti (a força criativa, feminina, de sua esposa, conhecida também como Kali, Durga, Parvati e outras).
Está centrado no desenvolvimento e despertar da kundaliní, a "serpente" de energia ígnea, de natureza biológica e manifestação sexual, situada na base da espinha que ascende através dos chakras até se obter a união entre Shiva e Shakti, também conhecida como samadhi.
O tantra, ao contrário do samkhya e do vedanta, vê o corpo não como um obstáculo mas como um meio para o conhecimento, portanto usa mantras (vocalização de sons e ultra sons em sânscrito), yantras (figuras geométricas, desde simples a complexas, como mandalas, por exemplo, que representam as diversas formas de Shakti) e rituais que incluem formas de meditação de grande complexidade (realizadas apenas com apoio de um guru experiente, pois podem ser fatais).
Afirma-se que poucas pessoas estão prontas para o tantra, principalmente aquelas tipo pashu-bava (disposição animal). A observância do celibato, honestidade, respeito aos mais velhos, limpeza corporal, limpeza ritual através de orações e outros processos, por longos anos, deve levar ao abandono dos desejos, ambição, motivação sexual, etc. Se ainda assim estas características persistirem, a pessoa não está apta para o tantra. Portanto, mais ainda que outras iogas, o tantra, seja hindu ou budista, é um sistema que depende de um guru e que tem poucos adeptos fora da Índia.
No tantra, o sexo é a manifestação mais natural da relação entre homem e mulher. É um ritual que deverá ser realizado com muita calma e carinho, sem agressividade. Como tal, está isento de medos e inibições.
No sexo tântrico, o ponto mais alto do prazer não é o orgasmo, mas sim o hiper-orgasmo. Para alcançar este estado de êxtase e de exacerbação da líbido, é necessário conhecer algumas técnicas de respiração, de contracção e dilatação dos músculos pélvicos.
Uma forma fácil (mas que requer muita força de vontade) de reter o clímax consiste em fazer uma breve paragem no momento anterior ao orgasmo e depois recomeçar, sincronizando a respiração com a do parceiro. O processo pode repetir-se durante horas.
As técnicas mais simples para controlar a ejaculação consistem na «contracção dos esfíncteres do ânus e da uretra e a retenção da respiração».
O hiper orgasmo diferencia-se do orgasmo porque não é um espasmo fugaz de prazer, mas a maximização do prazer sexual. É um estado de hiperestesia erógena (muita sensibilidade) que se poderá prolongar por mais de três horas.
No sexo tântrico todos os sentidos são importantes. Ter em atenção o contacto da pele, os odores e sabores do corpo e todos os sons emitidos pelo parceiro intensificam as emoções, produzindo a possibilidade do prazer máximo.
A relação sexual reduz stress, depressão e outras doenças graças à libertação de endorfinas (substâncias produzidas pelo próprio organismo, idênticas à morfina).
«Orgasmo adiado é energia armazenada»
As posições praticadas são comuns e não é necessário fazer acrobacias mirabolantes.
Como em qualquer relação sexual recomenda-se o uso de preservativo.
Respeitadas as restrições de tabaco, drogas, bebidas alcoólicas e carne, tudo é permitido. É uma prática que exige muita concentração e disponibilidade.
Quando o homem retém o orgasmo, até pode ocorrer ejaculação, mas isso não constitui perda de energia e ele é capaz de manter a erecção por muitas e longas horas.
Como o sexo tântrico é uma forma espontânea de fazer amor, não é necessário preparar-se com dias de antecedência. Mas tem que mudar os seus hábitos.
O tantra branco, aquele de que falamos neste texto é o mais antigo e natural. Mas existe outra escola que é a do tantra negro, mais medieval, místico e com regras e princípios distintos do tantra branco.
«O sexo estimula o hemisfério direito do cérebro e com isso gera um comportamento criativo, agressivo e questionador.
Já pensou como seria bom ser tratada como uma deusa, fazer amor durante horas a fio e prolongar o prazer até ao inimaginável?
Ao contrário do que muitas pessoas possam pensar, o Tantra não é terapia sexual, massagens eróticas ou colecção de posições sexuais esquisitas. O Tantra é uma filosofia comportamental que surgiu na Índia antiga e abrange várias dimensões sociais: cultura, moral... sexo. Digamos que o sexo tântrico é um legado da cultura hindu.
Nesta prática, a satisfação do desejo feminino é uma necessidade vital para as relações sexuais harmoniosas. A mulher é considerada uma divindade e, como tal, tudo está centrado nela. Curiosamente, os praticantes do tantra defendem que numa relação sexual a mulher deverá permanecer por cima do homem. A explicação filosófica para isso é a de que ela representa a deusa Shaktí e o homem, como adorador da deusa, deve ficar por baixo.
E, de facto, o sexo tântrico confere especial importância a dimensões do relacionamento erótico que muitos homens tendem a menosprezar: os chamados preliminares - olhar, tocar, beijar, cheirar...
Mas quais são os objectivos do tantra?
Os apologistas da prática defendem que a finalidade é conduzir o ser humano ao mais alto conhecimento da sua evolução através do PRAZER.
O tantra é uma "derivação" do ioga. Nos textos clássicos indianos, o tantra refere-se, essencialmente, à saúde, à alimentação, à higiene, à espiritualidade e depois à sexualidade. É uma filosofia que se baseia num conjunto de normas de vida que culminam numa relação sexual, onde é possível alcançar-se o máximo prazer.
O equilíbrio entre as energias espiritual e sexual é um dos princípios do sexo tântrico. A entrega total ao outro é uma condição básica, pois só assim é possível uma verdadeira união.
O caminho para o prazer.
O sexo tântrico é um culto do prazer ou uma terapia sexual? Nem uma coisa, nem outra. É, sim, uma forma de adiar ao máximo o orgasmo, de modo a conseguir-se obter mais e maior prazer.
Alguns praticantes afirmam conseguir manter 24 horas de contacto sexual ininterrupto... Por outro lado, todos garantem que uma relação nunca dura menos de três horas, independentemente da idade do casal. Impressionante, não?!
Mas como é possível?
É fundamental ter uma vida saudável, sem vícios.
Técnicas de ioga e de relaxamento e saber controlar a respiração são exercícios imprescindíveis. Outro ponto essencial é o homem aprender a controlar a ejaculação, de modo a conseguir prolongar a relação por mais tempo.
Em última análise, é possível evitar o climax indefinidamente (pelo menos teoricamente, é possível fazê-lo durante ANOS!), de forma a conservar sempre uma enorme disponibilidade física (erecção/lubrificação) e psíquica (desejo) para o sexo.
Para chegar e, mais difícil, conservar-se nesse mágico limiar do orgasmo é preciso reunir grande disponibilidade física e emocional. Isto requer alguma preparação. Reserve algumas horas e desligue telefones, televisão e tudo o que possa desconcentrá-la.
Mas os benefícios do tantra não são só sexuais. A energia gerada através destas práticas pode ser redireccionada para outras dimensões do dia-a-dia e permite melhorar substancialmente a qualidade de vida, tal como o rendimento físico e a criatividade. Talvez por isso, o número de adeptos de sexo tântrico no Ocidente continue a aumentar. O interesse começou a manifestar-se mais a partir dos anos 70. Uma figura mediática apologista desta prática é o cantor Sting: «Graças à prática de sexo tântrico posso fazer amor durante cinco a seis horas.