Momentos só meus

A rotina entre os casais mata a relação, quebra, abre um fosso, e não é só a rotina do dia-a-dia, do emprego, da casa, os filhos, os rituais semanais e os passeios programados de fim-de-semana.
A rotina no casal vai além do dia-a-dia, é o saber que aquela pessoa está ali, disponivel, deitada ao nosso lado apenas à distância de um esticar de dedo.
A rotina de comportamentos e atitudes, a ausência de carinhos, de troca de mimos, abraços, a falta de desejo, olhares que deixam de se trocar, furtuitos, os piropos, os passeios de mão dada, a falta de comunicação, a troca de desejos e expectativas, experiências e fantasias.
Quem não tem fantasias?
Os homens fantasiam com outra mulher, com peitos grandes, ou pequenos, com pernas longas ou pelo contrário, com louras ou morenas, fantasiam lugares, roupas, saltos altos, algemas... as mulheres também, umas fantasiam em ter mais um parceiro na cama, ou uma parceira, e uma série de outras fantasias.
Numa relação a única coisa que se tem que ter em mente é o respeito.
O respeito pelo próprio e pela pessoa que partilha a relação connosco.
Mas afinal o que é o respeito? Onde começa e acaba? O que é que pode ser considerado desrespeito pelo próximo?
Estas questões devem ser respondidas por ambos. Tentar saber se o que consideramos falta de respeito é o mesmo que o outro sente, pensa, deseja, tentar respeitar o outro mas segundos os seus moldes. Por vezes tomamos decisões, temos atitudes, a pensar no bem estar do outro, ou não, sem falar ou partilhar.
Quantas vezes ouvimos queixas de casais?
Normalmente o elemento feminino queixa-se de: falta de atenção "ele não ouve o que lhe digo"; falta de companhia "ele odeia ir comigo às compras"; falta de carinho "ele já não me abraça" ou"ele é incapaz de demonstrar sentimentos em público", estas e outras queixas são comuns e frequentes e aliadas à rotina do dia-a-dia levam a um desgaste emocional e fisico, e à morte anunciada da relação.
Neles as queixas mais frequentes são: "ela nunca tem vontade" (sexo); "está sempre com dores de cabeça" (sexo); "tem sempre uma desculpa" (sexo); "só vê novelas" (sexo); "adora andar enfiada em centros comerciais", depois há as queixas silenciosas que passam pelas posições e tipos de sexo, muitos homens queixam-se da sua companheira dizendo que ela não gosta de determinado tipo de sexo justificando assim uma infidelidade.
A infidelidade pode ser passiva ou activa.
Passiva quando se trata de pensamentos, desejos, palavras. Activa quando se passa a vias de facto e existe mesmo alguém envolvido fisicamente.
Com as novas tecnologias e a quantidade de sites e não só, a infidelidade passiva é frequente e habitual, troca de mensagens sensuais e de carácter sexual, insinuações e por vezes até exibicionismo ou sexo online através de webcam ou telemóvel.
Como se pode combater este tipo de queixas, infidelidades? Qual o segredo dos casais que conseguem fugir à rotina?
Falar abertamente.
Falar dos sonhos e fantasias, dos desejos, combater os medos e as dúvidas, e respeitar.
O segredo muitas vezes está no verbo: DAR. Não é apenas receber mas DAR e PARTILHAR.
Dar prazer e partilhar tudo o que faz parte das nossas vidas, a nível profissional, pessoal, familiar. Partilhar sucessos e frustações, opiniões, dúvidas, clarificar situações ambíguas, expôr o que não nos agrada e corrigir, pois é na mudança de atitudes e comportamentos que reside o nosso crescimento e onde está a oportunidade de fugir à rotina, é na mudança que está o segredo, na recusa da estagnação.
Sempre que há uma desilusão e não se dá a chance ao outro de corrigir abre-se um fosso que vai crescendo cada vez mais pela falta de diálogo.
Quantos de nós já perdoou mas não esqueceu? Quantos não perdem a oportunidade de trazer para uma discussão mágoas antigas?
É preciso saber fechar a porta aos ressentimentos e aprender a esquecer, este é o caminho para a felicidade.
Acima de tudo é preciso nunca desistir de ter relações afectivas gratificantes. ;)