Momentos só meus

- Que idade tens?
- Quantos me dás?

IRRA!
Primeiro eu não dou nada, vendo! e segundo se der corro o risco (desnecessário) de dar sempre mais.
Pois claro, sou uma mãos largas.
Porque é que sempre que perguntamos a idade a alguém nos respondem com a pergunta "quantos me dás?", se eu soubesse ou fosse visivel não perguntava.
Qual é o mal de dizer?
Antes dos 20 queremos parecer sempre mais velhos, depois dos 30 queremos parecer mais novos.
Entre os 20 e os 30 vive-se ali um período de felicidade plena, nem mais nem menos.
Eu tenho 35.
É certo que continuo em crise desde que fiz 30.
Não sei se mais alguém partilha da minha crise.
Chegar aos 30 sem filhos é muito mau, já começam as bocas do "estás a ficar velha" ou então "olha que quanto mais para diante mais dificil é" ou pior "já não estás a ir para nova".
Devo acrescentar que apesar do stress de ter feito 30 tenho que reconhecer que estive em pleno entre os 30 e os 32, estava aquilo que se pode considerar "boa como o milho".
A mim não me chateia nada dizer a idade. Chateia-me quando me dizem "a sério? não parece nada".
Não gosto e não lido bem com elogios fisicos, já os intelectuais é outra história, esses agradam-me bastante.
Os elogios deixam-me desconfortável e desconfiada.
O melhor e maior elogio que recebi foi: é mais linda que o pôr-do-sol, gostei e espero não me esquecer nunca.
Também nunca me apeteceu ter outra vez 15 anos e saber o que sei hoje, essa é outra.
Porque é que se quer ter 15 anos e a sabedoria dos 30,40 ou 50?
O que eu sabia aos 15 chegava-me e sobrava, o que sei hoje não não me melhorou em nada, não me modificou na essência, pelo contrário, deixou-me uma pessoa mais amarga e triste.
Vivi mais situações, dissabores, alegrias e tristezas, vivi experiências boas e más.
Mas afinal que mal tem a idade?
A minha avó tem 83 e ainda me faz o almoço todos os dias...